Foi ao ver um anúncio do Turismo Centro de Portugal aos Espaços Cooperativa Cowork @ Aldeias de Montanha, que a ideia que fervilhava na cabeça de Manuel Fernandes há vários meses começou a ganhar forma: queria conhecer melhor Portugal, as suas gentes e tradições. A pandemia havia-lhe limitado os movimentos e estava sedento por sair de casa, ver outras caras, ouvir novas histórias. O trabalho numa grande empresa sediada nos Estados Unidos da América corria às mil maravilhas, pelo que pôr isso em pausa não era sequer uma opção. Solução? Percorrer o país de lés a lés, aproveitando ao máximo a liberdade de trabalhar remotamente. O Espaço Cooperativa Cowork @ Aldeia de Montanha – Videmonte foi a primeira paragem nesta aventura que ainda agora começou e já conquistou Manuel.

Mais de 5300 quilómetros separam o Gavião, terra natal de Manuel, e o enorme estado norte-americano do Connecticut, onde está sediada a empresa com que trabalha desde finais de 2021. É ali, naquele lugar com 22 habitantes na freguesia de Ribeira de Fráguas, concelho de Albergaria-a-Velha, que diariamente exerce com brio a sua função: cloud enginner. “Explicado por miúdos, desenho plataformas para colocar websites e aplicações a funcionar no mundo virtual. Parece mais emocionante do que de facto é!”, explica Manuel, por entre risos.

Com morada no Connecticut, a empresa que acolheu Manuel é um verdadeiro melting pot de diferenças, sejam elas culturais, de métodos de trabalho ou até mesmo de coordenadas geográficas. No começo de mais um dia de trabalho, Manuel cumprimenta pelo monitor do seu computador o colega ucraniano agora sediado na Eslovénia, acena aos dois colaboradores a viver na Alemanha e dá os bons dias aos muitos colegas que, do outro lado do Atlântico, se juntam para mais uma reunião online. “Marcar estas reuniões às vezes é uma odisseia!”, confessa a rir. “Tenho colegas com uma diferença horária para mim de sete horas, outros cinco. A equipa está espalhada pelo mundo e todos temos de ceder um bocadinho para que tudo funcione. Mas com boa vontade e boa internet tudo se arranja!”, confessa.

Mas nem tudo é perfeito nesta experiência de trabalhar remotamente para uma empresa que fica do outro lado do Atlântico. Não há convívio fora do trabalho com a equipa nem tão pouco o cutucar o colega do lado para discutir o projeto que se tem em mãos.  “Durante a semana de trabalho – e estando eu no Gavião-, não saía de casa, sempre dentro de quatro paredes, e isso começou a pesar-me. Queria ir a sítios novos, ver outras pessoas, conhecer novas realidades”, conta. Começou por ir para o cowork mais perto de casa, mas a experiência ficou muito aquém das expetativas. “Quando ia à janela só via edifícios industriais e não era isso que eu queria. Para isso ficava em casa e não gastava dinheiro!”, conta com graça.

O seu desejo era simples: trabalhar ao computador, rodeado de natureza e estar com pessoas afáveis com histórias para contar. Mas se ia de viagem não ia apenas dois ou três dias, havia que rentabilizar a estadia. O ano passado, celebrava o país o 25 de Abril, Manuel chegava à Aldeia de Montanha de Videmonte para ficar uma semana. “Foi uma agradável surpresa. Fui recebido de braços abertos, com molhos de couves e batatas para o farnel, para que não me faltasse nada”, lembra a rir. “Gostei tanto da experiência, que repeti mais duas vezes!”.

Em outubro chegava ao Espaço Cooperativa Cowork @Aldeias de Montanha – Lapa dos Dinheiros, em Seia, e por estes dias foi presença assídua no Espaço Cooperativa Cowork @Aldeias de Montanha – Alvoco das Várzeas, em Oliveira do Hospital. Mas não se pense que para Manuel estas estadias se resumem a um movimento constante entre hotel-cowork-hotel. Nada disso. Nos tempos livres, o seu desejo é conviver o mais possível com a comunidade local, saber as suas histórias, ouvir as suas vivências, conhecer novas realidades. “Só assim me faz sentido. Já aprendi grandes lições das pessoas que conheci nestes cafés da aldeia”, assegura com um sorriso. “Trabalhar rodeado de natureza, conhecer pessoas incríveis que vibram de felicidade ao ver sangue novo nas suas aldeias e ouvir histórias fascinantes. Que mais podia eu querer?”.

 

 

Texto: Maria João Alves

Fotografias: Aldeias de Montanha, Andreia Silva