Fevereiro corre com ares de primavera, como nunca se viu – algo que é, ao mesmo tempo, apetecível e dramático.
Enquanto os dias de chuva não aparecem, vamos pôr os olhos na paisagem: as flores estão a surgir por todo o lado e é boa altura para planear uma escapadinha aos grandes pomares nacionais!
Nem de propósito, o nosso artigo de hoje é sobre as Aldeias de Montanha do Fundão, terra das cereja mais luzidias e gulosas.
O município do Fundão conta com três Aldeias de Montanha: Alpedrinha, Alcongosta e Alcaide e a melhor forma de descobrir tudo o que a região oferece é mergulhar no bem organizado site Visit Fundão.
Alpedrinha, Aldeia de Montanha
Plantada na encosta sul da Serra da Gardunha, protegida dos ventos do norte, Alpedrinha sempre foi terra fértil e abastada.
É daqui D. Jorge da Costa, o Cardeal de Alpedrinha, o responsável por convencer o Papa Alexandre VI a aprovar o Tratado de Tordesilhas em 1494. Já a Marquesa de Alorna chamou a esta vila com menos de mil habitantes, a “Sintra das Beiras”, uma descrição justa para a sua combinação de ricas casas senhoriais de traça distinta e paisagens puras da montanha.
O ex-libris é o Palácio do Picadeiro, edifício inacabado de finais do século XVIII e finalmente concluído há menos de uma década. Já foi hospital, tribunal e tipografia, e hoje é um espaço museológico de divulgação cultural, onde podem encontrar os tradicionais embutidos característicos da marcenaria de Alpedrinha. A peça mais importante é um aparador com os desenhos embutidos que ilustram seis dos 10 cantos dos Lusíadas, entre eles, Ilha dos Amores, Adamastor e a morte de Inês de Castro. É um móvel único, saído das mãos da família Parente Pinto, cujo avô foi entalhador da Casa Real no reinado de D. Carlos. Da sua varanda oferece-nos um generoso bónus: uma fantástica vista panorâmica.
Alpedrinha é também rica em capelas e casas senhoriais e aqui nasceu Celeste Rodrigues. Mas a maior surpresa está guardada para Setembro, no seu terceiro fim-de-semana.
É aqui que acontece o Chocalhos – Festival dos Caminhos da Transumância, desde 2002. Este evento celebra a passagem dos rebanhos serranos pelas ruas e o ponto alto é, precisamente, a entrada dos rebanhos, cães e pastores na vila de Alpedrinha. O percurso de nove quilómetros sai do Praça do Município do Fundão, é feito de forma linear, através da montanha, passando por Alcongosta e com chegada em Alpedrinha cerca de três horas depois.
O festival conta, na sua programação habitual, com atividades que divulgam o artesanato pastoril, música popular e tradicional, gastronomia (queijos e vinhos DOP Beira-Baixa), encontros entre comunidades pastoris, percursos com rebanhos e os rituais associados à actividade, mantendo vivo o imaginário da cultura pastoril. Nos últimos anos incluem-se convidados das regiões pastoris espanholas da Extremadura, Astúrias e País Basco.
Alcongosta, Aldeia de Montanha
Alcongosta tem cerca de 7km2 e menos de 500 habitantes. Para quem gosta de cerejas – haverá alguém que não as aprecie? – este é o nome que anuncia o verão!
Alcongosta reúne os maiores cerejais de Portugal: oito mil hectares de cultivo que se cobrem de flores brancas (rivalizando com a neve da Serra da Estrela, ali mesmo ao lado), na primavera, e se abrem num vermelho vivo, no verão. No segundo fim-de-semana de Junho, recebe-nos no seu generoso Festival da Cereja e desde Janeiro, com a recolha da madeira, preparam-se os cestos de casatnehrio, macios e arejados para não marcar a fruta, feitos com paciência e saber pelos artesãos locais.
Piqueniques, passeios de balão, de bicicleta ou de comboio, não faltam propostas para ocupar o tempo na terra das cerejas. Impossível será mesmo regressar com o cesto vazio.
Para explorar, não percam o Caminho Romano de Alcongosta ou a Mata de Castanheiros, a partir da Rota dos Castanheiros (PR9 FND), e para desfrutar das belas vistas, os miradouros do Posto de Vigia, do Arrebentão e o do Covão são locais de visita obrigatória. O miradouro da Casa do Guarda aponta para a Cova da Beira, estendendo-se para o sul da Serra da Estrela, com neve até ao início da primavera.
Alcaide, Aldeia de Montanha
Em Alcaide, com pouco mais de 500 habitantes, celebram-se os cogumelos! Boletos, míscaros brancos, raivacas, cantarelos, frades, quantos espécies de cogumelos conhecem? Nos bosques de pinheiro bravo e castanheiro que aconchegam esta pequena povoação da encosta norte da Serra da Gardunha, estão identificadas mais de 300 espécies.
Com tal generosidade, é natural que a população lhes preste a justa homenagem. Todos os anos, no terceiro fim-de-semana de Novembro, acontece o Míscaros – Festival dos Cogumelos. Nestes dias, somos convidados a conhecer a aldeia e as suas tasquinhas preparadas a preceito, a fazer passeios micológicos acompanhados de especialistas, a assistir – e degustar – aos live-cookings com chefs de renome, e a usufruir dos vários concertos e actividades programadas.
E como por estas bandas há sempre uma vista de cortar a respiração para a paisagem natural, a poucos quilómetros de Alcaide, perto deo Vale dos Prazeres, fica o Miradouro da Portela da Gardunha. Com vista para a Cova da Beira e Estrela, é um bom local para caminhadas e permite observar a vida selvagem.
Três festivais para descobrir, sabores de outono e sabores de verão, paisagens de primavera – razões mais do que suficientes para subir até à Beira e desfrutar daquilo que o território nos oferece, sempre na companhia de gentes genuínas!
Cobertores de Papa,
Muito texto em vários sites mas não encontrei em nenhum os diferentes modelos, as dimensões e os preços – se querem que este artesanato subsista é indispensável dominarem as técnicas de comercialização.
Devem por à disposição dos internautas o link de um site para que se possam encomendar e pagar os ditos cobertores.
Nada melhor do que fazer uma visita à Associação Genuíno Cobertor de Papa, em Maçainhas, os guardiões do conhecimento sobre esta bela peça:
https://www.facebook.com/O-Genu%C3%ADno-Cobertor-de-Papa-195510764561636/