Hoje, dia 27 de Setembro, comemora-se o Dia Mundial do Turismo.
Celebrada anualmente desde 1980, esta data tem como objectivo mostrar o valor cultural, económico, político e social desta actividade onde trabalha uma em cada dez pessoas do planeta. Alinhada com estes valores, está também a premissa dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, nomeadamente o combate à pobreza (Objetivo 1), igualdade de género (Objetivo 5), trabalho digno e crescimento económico (Objetivo 8) e redução das desigualdades (Objetivo 10).
Para o ano de 2021, a Organização Mundial do Turismo, enquanto agência especializada das Nações Unidas para o turismo sustentável e responsável, escolheu o tema Turismo para um crescimento inclusivo. A intenção é orientar o setor para uma recuperação e crescimento mais abrangente e consciente, em que todos – comunidades locais e minorias – têm voz sobre o futuro.
Por cá, em Coimbra, no Convento de São Francisco, a Confederação do Turismo de Portugal organiza a Cimeira do Turismo, cujo tema é “Retomar o crescimento”.
Objectivos globais, acções locais
Estes são os eixos institucionais que apontam estratégias e orientam o debate. Localmente, no território e com os seus agentes, damos corpo às ideias, aos projectos e aos investimentos.
É, claramente, um trabalho de formiga – e orgulhamo-nos disso. As iniciativas do projecto Aldeias de Montanha englobam vertentes de inovação e responsabilidade social, combatendo a desertificação serrana. Como na vida no campo, os projectos são semeados sem pressa, com intenções claras e respeitando o compasso das colheitas e o saber comunitário.
Este trabalho de bastidores, menos vistoso mas tão importante, encontra validação externa quando é abraçado pelos locais e se torna um caso de estudo para os de fora, como tivemos oportunidade de confirmar na press-trip da semana passada.
Press-trip para o mercado Irlandês
Entre 19 e 23 de Setembro, a Agência Regional de Promoção Turistica Centro de Portugal (ARPT Centro), organizou uma visita promocional às Aldeias de Montanha – Serra da Estrela, para o mercado Irlandês. O foco foram os novíssimos espaços de coworking e o projecto de responsabilidade social Queijeiras, variantes ligadas à inovação, economia circular, valorização e sustentabilidade.
Que belos dias estes!
Uma press-trip é uma visita promocional organizada para meios de comunicação social. Pode ter várias vertentes e, na sua essência, junta componentes técnicas e objectivos específicos com momentos de lazer e partilha, propondo uma experiência local memorável. Foi o que aconteceu por estes dias, na companhia de Fergal O’Keeffe, do Travel Tales Podcast, Paul McLauchlan, do Irish Examiner, Ava Louise Farrely, do ITNN e Alison Frances, do Travel Media.
O roteiro escolhido foi rico e tocou nos pontos fortes da região: os habituais passeios pedestres, experiências gastronómicas e locais icónicos, e os novos projectos de intervenção das Aldeias de Montanha.
Das Aldeias de Montanha para a Irlanda: um caso de sucesso
As boas-vindas aos nossos convidados foram dadas com um passeio pedestre pela Rota da Caniça e praia fluvial da Lapa dos Dinheiros, no primeiro dia.
Na manhã seguinte, seguimos para Videmonte, e, na companhia da D. Lucília (a poetisa da aldeia), do sr. Afonso Proença (presidente da Junta de Freguesia) e de mais algumas senhoras, fizemos pão de centeio e bôlas de carne no forno comunitário da aldeia, embalados pelas rimas prontas e bem-dispostas da D. Lucília.
De seguida, visitámos o cowork de Videmonte (que está quase a abrir portas), onde tivemos a oportunidade de falar com mais detalhe sobre todo o conceito de economia circular que está subjacente e é aplicado na prática: do desenho do espaço aos objectos que o ocupam e equipam, tudo é local e feito em proximidade. Pelo meio, ainda nos cruzámos com o sr. Abel e a sua dócil burra Miquelina.
Como bons anfitriões que somos, seguiu-se um pic-nic na praia fluvial da Quinta da Taberna, recheado de sabores locais – queijo da Serra, pão de centeio e doce de abóbora.
Após o almoço, levámos os nossos convidados até à Burel Factory, em Manteigas e, com a ajuda da designer Sandra Pinho, falámos com detalhe sobre as especificidades do projecto Queijeiras, que une o design, a inovação social, o burel, a produção local e histórias de vida inspiradoras, com o propósito maior de dar voz, capacitar e empoderar as queijeiras da Serra da Estrela.
O último dia desta visita começou com uma visita a Loriga, com tempo para provar o seu delicioso bolo e um pulinho à fotogénica praia fluvial de águas cristalinas. Seguiram-se as belas paisagens e pontos icónicos da zona: Alvoco da Serra, Poço da Broca da Barriosa, em Vide, e Alvoco das Várzeas, onde se encontra outro espaço de cowork das Aldeias de Montanha, novamente com a presença da comunidade local, envolvida no processo de criação, desenho e equipamento. Connosco estiveram o presidente da Junta de Freguesia, sr. Agostinho Marques, a designer Sandra Pinho, as costureiras e os carpinteiros.
A fechar, um passeio até à praia fluvial e um almoço de iguarias locais, que terminou com uma deliciosa tigelada feita pelas simpáticas e talentosas habitantes da aldeia!
O sucesso é feito por todos
Esta visita foi um sucesso, com muitas camadas de relevância.
Do ponto de vista turístico, proporcionámos dias de lazer de qualidade, com passagem pelas Casas da Lapa e Casa de São Lourenço, experiências gastronómicas típicas e locais, umas informais, outras bem refinadas, e passeios e paisagens maravilhosas.
Do ponto de vista humano, foi uma experiência riquíssima e bilateral: os nossos convidados mergulharam na experiência local, desfrutando do contacto directo com as pessoas, o seu modo de vida e saber. Os locais, valorizados por esta visita e interesse, sentiram-se relevantes e orgulhosos do seu papel, individual e colectivo, neste projecto. A partilha de um modo de vida mais simples, comunitário e fundamental teve um forte impacto no grupo, como podemos escutar no podcast de Fergal O’Keeffe, na rádio irlandesa Tipp FM.
Do ponto de vista do desenvolvimento local e, sobretudo, do papel modificador do projecto Aldeias de Montanha nos seus vários eixos de acção, confirmámos que é uma aposta ganha: o entusiasmo e disponibilidade de todos na concretização destes dias foi claro!
O nosso papel não se extingue na preparação e concretização destas visitas e acções – torna-se mais visível e impacta um outro círculo de contactos, também eles relevantes.
Passamos ideias, conceitos e acções, do papel para a comunidade, de forma real, pragmática e alinhada. Damos pequenos passos para grandes mudanças, inclusivas, sustentadas e sustentáveis. E hoje, Dia Mundial do Turismo, celebramos!
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